"Dirija com cuidado"

Faz algumas semanas que estou aprendendo a dirigir. É algo novo pra mim, mas percebi o quanto coisas rotineiras podem ser comparadas a algo, de certa forma, profundo...

Guiar um carro é extremamente mecânico, ainda acho meio complicado, porque não sei ao menos andar de bicicleta, mas sei que em um futuro próximo (ou não) não vou precisar prestar atenção na "medida" certa que é preciso para controlar freio e embreagem.

Embreagens e freios são controlados momentaneamente, diariamente, a cada vez que relacionamos com alguém ou alguma coisa. No início é preciso cautela, logo depois passa praticamente despercebido.

A partir daí a vida pede frenagens e, ao contrário do que se espera, aceleramos. Perdemos totalmente o controle. O novo se torna automático e vai se deteriorando aos poucos a cada vez que se passa pela mesma estrada e suas curvas acentuadas. O controle que antes parecia simples tomou um caminho diferente, cansativo, passou a se chamar Tédio. E ele tá aí, na hora que você menos quer a sua presença.

O Tédio é aquele parente que você nem lembra o nome, que a última vez que te viu foi em 1992 e insiste em te perguntar se lembra dele; é a pergunta de final de aula que o professor faz pra você só porque sabe que você não tem a mínima idéia da resposta; é o pão que caiu com a parte da manteiga virada pra baixo; é o banheiro público em fim de festa...enfim, é o freio de mão puxado na sua vida, ou a ré (porque nesse sentido, freio de mão e ré são praticamente a mesma coisa).

Saber passar pela estrada desviando dos buracos e fazendo as curvas com tranquilidade é uma destreza necessária. Se alguém souber fazer isso, me ensine. Por enquanto não tô conseguindo abaixar o freio de mão aqui.